Segunda-feira, 5 de Novembro de 2007
É difícil pertencer a uma família em que toda a gente é crente e vai à missa.Alguns não são lá muito crentes, mas vão à missa.E depois há aqueles que vão à missa porque é a maneira de ver a família toda sem ter que andar de casa em casa, e fazem questão de dizer que não acreditam em Deus, e que Jesus não existiu. Mas só eu é que pertenço a esta categoria.Muitas vezes sou mal interpretada, há quem diga "Ela é tontinha, só diz asneiras".Eu já estou como Alberto Caeiro "Deus não existe, se ele existisse aparecia aqui à minha frente para eu o poder ver".
Não me obriguem a ser crente.
Diz-me muito mal de Deus. Diz que ele é um velho estúpido e doente, Sempre a escarrar para o chão E a dizer indecências. A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia. E o Espírito Santo coça-se com o bico E empoleira-se nas cadeiras e suja-as. Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica. Diz-me que Deus não percebe Nada das coisas que criou . «Se é que ele as criou, do que duvido.» - «Ele diz, por exemplo, que seres cantam a sua glória, Mas os seres não cantam nada, Se cantassem seriam cantores. Os seres existem e mais nada, E por isso se chamam seres.» E depois, cansado de dizer mal de Deus, O Menino Jesus adormece nos meus braços E eu levo-o ao colo para casa.
Alberto Caeiro
sinto-me: